sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O que é ser professor nos dias atuais?

O que é ser professor nos dias atuais?

Vamos iniciar nossas discussões com um texto, dividido em três partes, sobre esta questão:

O que é ser professor nos dias atuais?

Espero que o mesmo suscite críticas por parte de meus amigos docentes ...

Observe que todos os trechos que estão em azul são de autoria de outro autor!

A necessidade de enfrentar mudanças significativas que vêm ocorrendo na organização político-administrativa, social, educacional e cultural dos países, decorrentes dos avanços científicos e tecnológicos e do processo de mundialização leva-nos a ponderar sobre uma educação ao mesmo tempo planetária, globalizante e garantidora dos espaços locais. "O campo da educação está muito pressionado por mudanças, assim como acontece com as demais organizações. Percebe-se que a educação tem sido colocada como um dos caminhos viáveis para transformar a sociedade" (MORAN, 2000:11). Impõe-se, assim, às escolas e aos professores a articulação de uma educação que atenda às demandas e necessidades sociais, mas também aos processos de desenvolvimento em sentido transformador, de modo que o conhecimento adquirido, geral e específico, associe-se ao desenvolvimento de aptidões e habilidades que tornem os alunos competentes para enfrentar diferentes situações e que possam desenvolver-se como pessoas, como cidadãos críticos e participativos cuja atuação se traduza em competência, dignidade e responsabilidade na sociedade em que vivem.
Muito bonito o texto de Libna Lemos Ignácio Pereira no trabalho intitulado SABERES DO BOM PROFESSOR: Estudo sobre características profissionais de professores formadores em cursos de licenciatura. Mas como ensinar alguém que não quer aprender?
Eis nosso maior problema. Os alunos não querem aprender ou nós professores não conseguimos trazer-lhes algo que desperte sua curiosidade. Lembre-se estamos discutindo o que é ser professor nos dias atuais. Você pode não concordar, mas hoje em dia temos que conseguir em primeiro lugar a atenção dos nossos alunos, o que convenhamos não é nada fácil.
O espaço da sala de aula é restrito se ficarmos só no quadro, na aula expositiva, infelizmente – ou FELIZMENTE – nosso aluno não se contenta apenas com conhecimento.
O mundo imediatista em que vivemos exige do professor ensinar algo que seja interessante. Para alguns o interessante passa pela praticidade, para outros pela curiosidade em descobrir mais, para alguns alunos a aula tem de ser divertida, para outros, poucos, o conhecimento basta.
Já há algum tempo professores e pesquisadores preocupam-se com a questão da BOA AULA.
De acordo com Libna:
            Em 1982, Libâneo apresentava sua dissertação de mestrado A prática pedagógica de professores da escola pública sobre as características do bom professor, em que estudou a história de vida e a prática docente cotidiana de 30 professores tidos como "bem sucedidos" na sala de aula. Estudos como os de Cunha (1989) e Pimentel (1996) procuraram desvelar e compreender quem é e o que determina o desempenho do professor "bem sucedido" na prática da sala de aula e o significado que atribuem ao seu trabalho. Candau (1997:83) considera de fundamental importância o reconhecimento e a valorização do saber docente no âmbito da reflexão sobre a Didática e da formação continuada, de modo especial dos saberes da experiência, núcleo vital do saber docente.
Iniciamos então uma discussão mais prática, QUE É NOSSO REAL INTERESSE, não quero ficar nestas linhas discutindo teorias educacionais, queremos abordar situações práticas.
No primeiro momento já identificamos a necessidade de valorizar a prática docente. As experiências vividas por cada um é de suma importância para o desenvolvimento de todos os docentes, por exemplo, veja a postura do professor Marco Antonio Batista, o Marcão:

Uma das maiores lições que aprendi para a vida, e consequentemente também para sala de aula foi com meu amigo e compadre – padrinho de batismo do Gabriel, meu filho mais novo – Marco Antonio Batista, o tal do Marcão. Pai do Leonardo.
Eu tenho dúvidas se o que agente aprende para desenvolver na sala de aula serve para a vida, ou se o que aprendemos para a vida serve para a sala de aula.
Eu tenho dúvidas se o que eu faço na sala de aula é o que aprendi na vida, ou se o que faço na minha vida é o que aprendi na sala de aula.
(Tostines vende mais por que é sequinho, ou é sequinho por que vende mais!  Esta foi para os quarentões como eu e o Marcão).
Obviamente não me refiro aos conteúdos matemáticos mas sim ao relacionamento humano, ao contato com o aluno, a relação aluno-professor baseada na relação entre dois seres humanos e não entre o cara que sabe e o que não sabe.
Conheci poucos professores que dominam completamente esta arte. Não conheci ninguém que faça isto como o Marco. O cara da aula de Física e de Matemática, todo ano é paraninfo. Sempre é convidado para as festas, foi durante muito tempo o professor que acompanhava a galera na viagem de formatura para Porto Seguro. Enfim é o professor de Física e de Matemática literalmente adorado pela galera.
Se você está pensando que os meninos gostam dele porque ele “dá nota” enganou-se redondamente. Sua aula é repleta de conteúdo, e a prova também.
Qual o mistério de seu “sucesso” com os alunos? Vale lembrar, em minha opinião, que este sucesso facilita muito a vida do professor em sala de aula, pois o sujeito ganha o respeito da turma e aí ele consegue desenvolver seu trabalho, pois conquistou seu espaço. Lógico que problemas acontecem ...
Qual o segredo do Marcão? Atenção para as crianças, para os adolescentes. Escutar durante cinco minutos a menina dizer que o namorado não a levou para passear no final de semana; o menino reclamar que seu time perdeu no final de semana do arquirrival.
São coisas simples. Mas a maior lição que eu aprendi com ele foi um dia quando tínhamos a Consultoria Educacional, nosso cursinho preparatório que iniciamos com dinheiro suficiente para pagar um mês de aluguel.
Nosso curso funcionava em uma casa ao lado do colégio Liceu em Campinas, tinha um quintal no fundo que era onde sentávamos no degrau para encerrar o dia escutando o bom e velho rock´n´roll e tomar uma cerveja. Foi ali que fiquei sabendo que meu amigo ia casar, era neste degrau que desabafávamos nossas angustias.
Sempre com seu jeito especial de dizer alguma coisa que poderia ofender ele começou: “Tenho um problema, preciso me controlar e aprender a fazer as piadas com o conteúdo e não com o aluno. Preciso aprender a descontrair a aula brincando com a garotada em cima do conteúdo, sem tripudiar com os meninos.”
Tudo bem Marcão, esta eu entendi: não era ele era eu! A lição ficou para o resto da vida: brincar sim mas nunca ofender. Respeitar o aluno como SER HUMANO, como INDIVÍDUO.
Passo este ensinamento para minhas filhas, o Gabriel hoje só tem 2 anos, a vez dele vai chegar. Quando acontecia de uma delas, a Ana Luísa ou a Maria Isabela, estarem assistindo as tais das vídeos cassetadas, sempre aproveitava para repassar esta lição: “Infelizmente minha filha, você está rindo do tombo de uma pessoa, é engraçado. Mas quando você cair, vai gostar das pessoas rirem de você?”
Valeu meu amigo.

Na próxima semana, continuemos nossas reflexões.


Um comentário:

  1. Bacana Eduardo...alguns meses atrás também publiquei no meu blog, uma pequena dissertação sobre os rumos da educação brasileira, na qual discorro sobre uma mudança no padrão brasileiro de como os docentes ministram as aulas aos seus alunos.
    Como você bem avaliou, a primeira progressão, já deveria ocorrer na mudança de atitude dos professores, que deveriam migrar de uma aula muito linear para uma mais participativa, onde os problemas cotidianos fornecessem a própria matéria de estudo para os professores.
    Parabéns pelo blog! Abraços!!

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