Continuemos
nossas reflexões.
Vasconcelos (1996) e Masetto (1998)
enfatizam que o exercício docente (...) exige competências específicas como:
competência em uma área de conhecimento, conhecimento da prática profissional
dos alunos, domínio na área pedagógica (...).
Triste
conclusão: não nos basta mais sermos bons conhecedores do nosso conteúdo.
Faz-se necessário conhecermos um pouco de nossos alunos. Por exemplo, Eduardo é
meu aluno e trabalha em uma loja de sapatos. Conversando com o mesmo, percebo
que ele gosta do que faz. Peço ao Eduardo que exponha para a turma como
funciona o seu dia a dia na loja. A partir de sua explanação vou tirar um
exemplo que se encaixe no meu conteúdo:
Matemática:
quanto será o lucro que o lojista ganha em cada par.
Português:
a necessidade de construir corretamente as frases, para fazer-se entender pelo
cliente.
Geografia:
de onde será que vem a matéria prima que se usa para fabricar o sapato?
Geopolítica:
como a ascensão dos tigres asiáticos interfere nas vendas da loja?
Ciências:
qual a diferença e entre o material sintético e o natural para desenvolver os
sapatos.
Voltemos
a Libna
Laranjeira et al. (1999) relaciona as
funções do professor em consonância com os artigos 1º, 2º e 13 da LDB, que
delineiam as competências essenciais à atuação profissional do professor, e
considera o conhecimento profissional dos professores organizado em quatro
âmbitos de igual importância: conhecimentos sobre criança, jovens e adultos (conhecer
o aluno, sua história de vida); conhecimentos sobre
as dimensões culturais sociais e políticas da educação: cultura geral e
profissional (entender que a educação é social, cultural e política); conhecimento para a atuação pedagógica (conhecer
o aluno, sua história de vida) e conhecimento
experiencial contextualizado na ação pedagógica (conhecimento pedagógico).
Nóvoa (1992) discute a nova configuração da
profissionalização docente, escrevendo que o desenvolvimento profissional dos
professores precisa ser considerado em duas dimensões, atualmente pouco
consideradas, a saber: o desenvolvimento pessoal e o desenvolvimento
organizacional, compreendendo a perspectiva do professor individual e do
coletivo docente (é preciso entender q o prof tem suas características
individuais, q sofrem influencia do coletivo, do meio, dos pares, etc).
Gauthier et al. (1998)
apresenta uma visão do ensino numa concepção onde vários saberes necessários ao
ensino são mobilizados pelo professor: o saber disciplinar (saber da
disciplina em si, do conteúdo), o saber curricular (saber
“onde” sua disciplina se encaixa no currículo, e o por quê da mesma ali estar), o saber das ciências da educação (conhecer sobre
Didática, por exemplo), o saber da tradição
pedagógica (conhecimento passado de docente para docente), o saber experiência (quanto mais eu faço, mais
eu aprendo) e o saber da ação pedagógica (aprender
fazendo). Tardif (1999) define a epistemologia da
prática profissional como o estudo do conjunto de saberes realmente utilizados
pelos profissionais em seu espaço de trabalho e caracteriza os saberes
profissionais dos professores em: temporais; plurais e heterogêneos;
personalizados e situados; carregam as marcas do ser humano.
Canário (1999)
também apresenta uma nova configuração profissional do professor em quatro
dimensões essenciais: o professor é um analista simbólico (significa encará-lo
como um "solucionador de problemas", em contextos marcados pela
complexidade e pela incerteza, e não como alguém capaz de dar as "respostas
certas" a situações previsíveis); o professor é um artesão (mais do que um
reprodutor de práticas o professor é um reinventor de práticas,
reconfigurando-as de acordo com as especificidades dos contextos); o professor
é um profissional da relação (a relação com os alunos impregna a totalidade do
ato educativo, não pode ser ensinada, apenas aprendida, e engloba de modo
inextricável as dimensões intelectual e afetiva); o professor é um construtor
de sentido (mais do que transmissor de conhecimentos, o professor precisa ser
um "construtor de sentido" ou criar recursos que tornem possível
aprender e que ao sujeito central no processo de aprendizagem seja
proporcionada a construção de si próprio, da relação com os outros e da relação
com a realidade social).
Até aqui falamos um pouco sobre as características do professor em relação a sala de aula. Semana que vem caminharemos um pouco mais.
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