quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O que é ser professor nos dias atuais? (Continuação)

Continuemos nossas reflexões.
Vasconcelos (1996) e Masetto (1998) enfatizam que o exercício docente (...) exige competências específicas como: competência em uma área de conhecimento, conhecimento da prática profissional dos alunos, domínio na área pedagógica (...).
Triste conclusão: não nos basta mais sermos bons conhecedores do nosso conteúdo. Faz-se necessário conhecermos um pouco de nossos alunos. Por exemplo, Eduardo é meu aluno e trabalha em uma loja de sapatos. Conversando com o mesmo, percebo que ele gosta do que faz. Peço ao Eduardo que exponha para a turma como funciona o seu dia a dia na loja. A partir de sua explanação vou tirar um exemplo que se encaixe no meu conteúdo:
Matemática: quanto será o lucro que o lojista ganha em cada par.
Português: a necessidade de construir corretamente as frases, para fazer-se entender pelo cliente.
Geografia: de onde será que vem a matéria prima que se usa para fabricar o sapato?
Geopolítica: como a ascensão dos tigres asiáticos interfere nas vendas da loja?
Ciências: qual a diferença e entre o material sintético e o natural para desenvolver os sapatos.
Voltemos a Libna
Laranjeira et al. (1999) relaciona as funções do professor em consonância com os artigos 1º, 2º e 13 da LDB, que delineiam as competências essenciais à atuação profissional do professor, e considera o conhecimento profissional dos professores organizado em quatro âmbitos de igual importância: conhecimentos sobre criança, jovens e adultos (conhecer o aluno, sua história de vida); conhecimentos sobre as dimensões culturais sociais e políticas da educação: cultura geral e profissional (entender que a educação é social, cultural e política); conhecimento para a atuação pedagógica (conhecer o aluno, sua história de vida) e conhecimento experiencial contextualizado na ação pedagógica (conhecimento pedagógico).
Nóvoa (1992) discute a nova configuração da profissionalização docente, escrevendo que o desenvolvimento profissional dos professores precisa ser considerado em duas dimensões, atualmente pouco consideradas, a saber: o desenvolvimento pessoal e o desenvolvimento organizacional, compreendendo a perspectiva do professor individual e do coletivo docente (é preciso entender q o prof tem suas características individuais, q sofrem influencia do coletivo, do meio, dos pares, etc).

Gauthier et al. (1998) apresenta uma visão do ensino numa concepção onde vários saberes necessários ao ensino são mobilizados pelo professor: o saber disciplinar (saber da disciplina em si, do conteúdo), o saber curricular (saber “onde” sua disciplina se encaixa no currículo, e o por quê da mesma ali estar), o saber das ciências da educação (conhecer sobre Didática, por exemplo), o saber da tradição pedagógica (conhecimento passado de docente para docente), o saber experiência (quanto mais eu faço, mais eu aprendo) e o saber da ação pedagógica (aprender fazendo). Tardif (1999) define a epistemologia da prática profissional como o estudo do conjunto de saberes realmente utilizados pelos profissionais em seu espaço de trabalho e caracteriza os saberes profissionais dos professores em: temporais; plurais e heterogêneos; personalizados e situados; carregam as marcas do ser humano.
Canário (1999) também apresenta uma nova configuração profissional do professor em quatro dimensões essenciais: o professor é um analista simbólico (significa encará-lo como um "solucionador de problemas", em contextos marcados pela complexidade e pela incerteza, e não como alguém capaz de dar as "respostas certas" a situações previsíveis); o professor é um artesão (mais do que um reprodutor de práticas o professor é um reinventor de práticas, reconfigurando-as de acordo com as especificidades dos contextos); o professor é um profissional da relação (a relação com os alunos impregna a totalidade do ato educativo, não pode ser ensinada, apenas aprendida, e engloba de modo inextricável as dimensões intelectual e afetiva); o professor é um construtor de sentido (mais do que transmissor de conhecimentos, o professor precisa ser um "construtor de sentido" ou criar recursos que tornem possível aprender e que ao sujeito central no processo de aprendizagem seja proporcionada a construção de si próprio, da relação com os outros e da relação com a realidade social).
Até aqui falamos um pouco sobre as características do professor em relação a sala de aula. Semana que vem caminharemos um pouco mais.



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