segunda-feira, 30 de junho de 2014

Mania de “ziguezaguear”

Não sei se com você, que como eu que está na casa dos quarenta, que lê estas linhas acontece a mesma coisa. Quando era adolescente ouvia as pessoas dizerem que os mais velhos são cheios de MANIAS.

Como todo bom adolescente eu pensava: “isto jamais acontecerá comigo.” Doce engano da adolescência.

Tenho várias manias: música é no toca disco; leitura é no papel, no livro; água tem que ser gelada; arroz é duro e solto (a menos do sushi/sashimi); lápis e borracha no estojo; se tenho duas canetas azuis, escrevo com a que tem menos carga; o dinheiro tem que estar organizado da menor para a maior nota; e por aí vai.

Mas acho que a melhor de todas as minhas manias atuais é querer compartilhar manias, emoções, sonhos, distrações, verdades, tristezas, alegrias, ..., com o papel. Minha mania atual é escrever. Escrever sobre tudo e para todos, escrever sobre a vida, sobre a educação, sobre o dia a dia.

Neste momento em que a caneta percorre uma folha de rascunho – outra mania: guardar papel com uma lauda em branco – estou no aeroporto Zumbi dos Palmares com destino a Campinas/SP, tendo uma escala no Rio de Janeiro, indo ver minha mãe e meu pai. Hoje é dia de jogo do Brasil, estreia na Copa do Mundo (2014), aqui em nosso país. O aeroporto de Maceió parece um mar de gente amarelo vivo.

Na rua, no caminho para o aeroporto, dentro do táxi, notei duas novas sensações:
1ª – é ótimo não dirigir, principalmente quando estou na companhia de Rubens Alves e seu livro delicioso “Educação dos Sentidos”.
2ª – a necessidade do ser humano em não ser afrontado em suas manias.

O motorista vai pela principal avenida da cidade fazendo o famoso “zig-zag”; passa pela direita, cruza para a esquerda; viaja inadvertidamente pela linha exclusiva de ônibus. Em cada esquina que passa com seu super carro, deixa uma buzinada que avisa: não venham estou passando! Em determinado momento seu celular toca! O meu coração dispara! Agora teremos zig-zag com uma só mão e metade do cérebro!

Enganei-me, como um adolescente. O ás do volante diminui a velocidade, toma a faixa da direita e inicia um diálogo apaixonado, que a meu escutar é um monólogo com várias pausas:
 - Oi amor!
(pausa)
- Deixei hoje cedo!
(pausa)
- Não, eu te avisei sim. Até ... (neste ponto eu não entendi)

Repentinamente, por estar contrariado em sua mania de motorista e também pela voz que está escutando, seu tom muda radicalmente, deixando de lado todo o romantismo:
- Veja só, estou ocupado indo para o aeroporto. Não posso falar agora! Depois te ligo.
(pausa)

A responsabilidade do dirigir só retorna após o telefone tocar. Sim em tempo: após desligar o celular, os zig-zag´s foram mais efusivos e eu não consegui mais me concentrar em Rubem Alves.

(Espaço aéreo nacional, entre Maceió e Rio de Janeiro em 12/06/2014)

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