Não
sei se com você, que como eu que está na casa dos quarenta, que lê estas linhas
acontece a mesma coisa. Quando era adolescente ouvia as pessoas dizerem que os
mais velhos são cheios de MANIAS.
Como
todo bom adolescente eu pensava: “isto jamais acontecerá comigo.” Doce engano
da adolescência.
Tenho
várias manias: música é no toca disco; leitura é no papel, no livro; água tem
que ser gelada; arroz é duro e solto (a menos do sushi/sashimi); lápis e
borracha no estojo; se tenho duas canetas azuis, escrevo com a que tem menos
carga; o dinheiro tem que estar organizado da menor para a maior nota; e por aí
vai.
Mas
acho que a melhor de todas as minhas manias atuais é querer compartilhar
manias, emoções, sonhos, distrações, verdades, tristezas, alegrias, ..., com o
papel. Minha mania atual é escrever. Escrever sobre tudo e para todos, escrever
sobre a vida, sobre a educação, sobre o dia a dia.
Neste
momento em que a caneta percorre uma folha de rascunho – outra mania: guardar
papel com uma lauda em branco – estou no aeroporto Zumbi dos Palmares com
destino a Campinas/SP, tendo uma escala no Rio de Janeiro, indo ver minha mãe e
meu pai. Hoje é dia de jogo do Brasil, estreia na Copa do Mundo (2014), aqui em
nosso país. O aeroporto de Maceió parece um mar de gente amarelo vivo.
Na
rua, no caminho para o aeroporto, dentro do táxi, notei duas novas sensações:
1ª
– é ótimo não dirigir, principalmente quando estou na companhia de Rubens Alves
e seu livro delicioso “Educação dos Sentidos”.
2ª
– a necessidade do ser humano em não ser afrontado em suas manias.
O
motorista vai pela principal avenida da cidade fazendo o famoso “zig-zag”;
passa pela direita, cruza para a esquerda; viaja inadvertidamente pela linha
exclusiva de ônibus. Em cada esquina que passa com seu super carro, deixa uma
buzinada que avisa: não venham estou passando! Em determinado momento seu
celular toca! O meu coração dispara! Agora teremos zig-zag com uma só mão e
metade do cérebro!
Enganei-me,
como um adolescente. O ás do volante diminui a velocidade, toma a faixa da
direita e inicia um diálogo apaixonado, que a meu escutar é um monólogo com
várias pausas:
- Oi amor!
(pausa)
-
Deixei hoje cedo!
(pausa)
-
Não, eu te avisei sim. Até ... (neste ponto eu não entendi)
Repentinamente,
por estar contrariado em sua mania de motorista e também pela voz que está
escutando, seu tom muda radicalmente, deixando de lado todo o romantismo:
-
Veja só, estou ocupado indo para o aeroporto. Não posso falar agora! Depois te
ligo.
(pausa)
A
responsabilidade do dirigir só retorna após o telefone tocar. Sim em tempo:
após desligar o celular, os zig-zag´s foram mais efusivos e eu não consegui
mais me concentrar em Rubem Alves.
(Espaço
aéreo nacional, entre Maceió e Rio de Janeiro em 12/06/2014)
Nenhum comentário:
Postar um comentário