O Gabriel Lourenço de
Souza, como ele diz quando perguntamos como ele se chama, é meu filho. Tem 3
anos e como toda criança adora desenho. Um de seus DVD´s favoritos é o do
Transformers, mais precisamente Transformers Prime, seriado de desenho animado
por computador. No volume 4, da 1ª temporada, no 1º episódio um dos personagens
que faz parte dos vilões, os Decepticons, é sequestrado por uma organização que
quer desmontá-lo para entender sua tecnologia. Os Autobots, os mocinhos,
resolvem então salvar o vilão.
Se os Decepticons e os
Autobots são inimigos mortais, por que os mocinhos salvariam o vilão? O líder
dos mocinhos, Autobots, diz que é “por um bem maior. Para salvar a humanidade.”
O interessante é que o
arquirrival do Transformer sequestrado é quem faz o salvamento. No inicio ele
se recusa a ir e então um amigo seu humano o cenvence: “Se ele [o inimigo]
morrer, você não terá chance de enfrentá-lo novamente.” A partir de então, o
“mocinho” resolve participar do salvamento.
O detalhe que chama
atenção é que o humano despertou no Transformer “o querer” participar do
resgate, pois como diz Dale Carnigie no livro Como Fazer Amigos &
Influenciar Pessoas: “Sob o firmamento existe apenas um meio de conseguir que
alguém faça algo. Você já meditou alguma vez nisto? Sim, apenas um meio. E este
meio é conseguir que a outra pessoa queira fazer.” (página 62)
Vivemos, enquanto
professor, reclamando que a cada dia que passa está mais difícil dar aula, pois
entre outros tantos fatores, os nossos alunos estão cada dia “mais
desinteressados”. Concordo.
“No meu tempo”, odeio
esta afirmação, pois como diz Içami Tiba a referida frase “Nunca acrescenta ao discurso algo novo,
capaz de mobilizar o adolescente. (...) [esta frase] baseada apenas na idade
(“Eu, quando tinha a sua idade...”) nega toda a evolução social corrida nas
últimas décadas. O pai [leia-se professor] talvez tenha precisado mesmo
estudar, trabalhar e dar duro para melhorar seu nível sociocultural. Mas isso
se deu em outra realidade, em outra época, com outras condições de vida.”
Voltando: “No meu tempo” fui começar
a estudar verdadeiramente após retenção no 1º ano do Ensino Médio (há época 2º
grau ou era Colegial, já nem lembro mais). Meu pai foi muito sábio, pois me deu
a oportunidade de conhecer a dureza de um trabalho quando não se tem estudo.
Me colocou para trabalhar numa
loja de departamentos, a extinta Buri. Nela eu carregava e descarregava
caminhão. Montava estante, guarda roupa, e outras pecinhas. Foram suficientes 3
meses para eu pedir desligamento do trabalho e votar a estudar. Nunca mais tive
problemas no ensino Médio, pois eu QUIS ESTUDAR!
Outra situação interessante
ocorreu no ensino Superior. Após passar no vestibular para estudar Engenharia
Química na FEI (Faculdade de Engenharia Industrial – São Bernardo do Campo/SP),
das 10 disciplinas que tive que cursar no 1º período, passei apenas em 4 delas.
Após trancar o curso, morar um ano em Natal/RN, voltei para São Paulo e iniciei
meu curso de Licenciatura em Matemática na Fundação Santo André.
Terminei os
estudos na PUC de Campinas/SP. Foram 4 anos sem perder nenhuma disciplina. Fiz
exame uma única vez no curso inteiro. Onde estava a diferença? Em mim. Desde
que me lembro, sempre pensei em ser professor. Eu queria fazer o curso de
Licenciatura em Matemática.
A pergunta básica é: como fazer meu aluno querer estudar?
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