segunda-feira, 7 de julho de 2014

Desenho animado é só para crianças?

O Gabriel Lourenço de Souza, como ele diz quando perguntamos como ele se chama, é meu filho. Tem 3 anos e como toda criança adora desenho. Um de seus DVD´s favoritos é o do Transformers, mais precisamente Transformers Prime, seriado de desenho animado por computador. No volume 4, da 1ª temporada, no 1º episódio um dos personagens que faz parte dos vilões, os Decepticons, é sequestrado por uma organização que quer desmontá-lo para entender sua tecnologia. Os Autobots, os mocinhos, resolvem então salvar o vilão.

Se os Decepticons e os Autobots são inimigos mortais, por que os mocinhos salvariam o vilão? O líder dos mocinhos, Autobots, diz que é “por um bem maior. Para salvar a humanidade.”

O interessante é que o arquirrival do Transformer sequestrado é quem faz o salvamento. No inicio ele se recusa a ir e então um amigo seu humano o cenvence: “Se ele [o inimigo] morrer, você não terá chance de enfrentá-lo novamente.” A partir de então, o “mocinho” resolve participar do salvamento.

O detalhe que chama atenção é que o humano despertou no Transformer “o querer” participar do resgate, pois como diz Dale Carnigie no livro Como Fazer Amigos & Influenciar Pessoas: “Sob o firmamento existe apenas um meio de conseguir que alguém faça algo. Você já meditou alguma vez nisto? Sim, apenas um meio. E este meio é conseguir que a outra pessoa queira fazer.” (página 62)

Vivemos, enquanto professor, reclamando que a cada dia que passa está mais difícil dar aula, pois entre outros tantos fatores, os nossos alunos estão cada dia “mais desinteressados”. Concordo.

“No meu tempo”, odeio esta afirmação, pois como diz Içami Tiba a referida frase “Nunca acrescenta ao discurso algo novo, capaz de mobilizar o adolescente. (...) [esta frase] baseada apenas na idade (“Eu, quando tinha a sua idade...”) nega toda a evolução social corrida nas últimas décadas. O pai [leia-se professor] talvez tenha precisado mesmo estudar, trabalhar e dar duro para melhorar seu nível sociocultural. Mas isso se deu em outra realidade, em outra época, com outras condições de vida.

Voltando: “No meu tempo” fui começar a estudar verdadeiramente após retenção no 1º ano do Ensino Médio (há época 2º grau ou era Colegial, já nem lembro mais). Meu pai foi muito sábio, pois me deu a oportunidade de conhecer a dureza de um trabalho quando não se tem estudo.
Me colocou para trabalhar numa loja de departamentos, a extinta Buri. Nela eu carregava e descarregava caminhão. Montava estante, guarda roupa, e outras pecinhas. Foram suficientes 3 meses para eu pedir desligamento do trabalho e votar a estudar. Nunca mais tive problemas no ensino Médio, pois eu QUIS ESTUDAR!

Outra situação interessante ocorreu no ensino Superior. Após passar no vestibular para estudar Engenharia Química na FEI (Faculdade de Engenharia Industrial – São Bernardo do Campo/SP), das 10 disciplinas que tive que cursar no 1º período, passei apenas em 4 delas. Após trancar o curso, morar um ano em Natal/RN, voltei para São Paulo e iniciei meu curso de Licenciatura em Matemática na Fundação Santo André. 

Terminei os estudos na PUC de Campinas/SP. Foram 4 anos sem perder nenhuma disciplina. Fiz exame uma única vez no curso inteiro. Onde estava a diferença? Em mim. Desde que me lembro, sempre pensei em ser professor. Eu queria fazer o curso de Licenciatura em Matemática.


A pergunta básica é: como fazer meu aluno querer estudar?

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