segunda-feira, 24 de março de 2014

A concepção filosófica do professor e sua prática educacional – Parte 1

A concepção filosófica do professor e sua prática educacional – Parte 1

Este texto foi desenvolvido baseado em uma disciplina que cursei na UNICAMP-SP, como aluno ouvinte do doutorado. A mesma foi ministrada pelo professor Antonio Miguel, pelo qual, desde então, tenho verdadeira admiração.

Não sou conhecedor teórico da Filosofia, muito menos das Escolas Filosóficas. Mas a partir do meu conhecimento, e de várias noites em claro estudando, escrevi as linhas a seguir para me preparar a concurso público da UFAL – que nunca consegui passar – e também para curso de pós graduação no CEAP – instituição dirigida pelo professor Benedito.

A ideia básica é apresentar três linhas de pensamentos filosóficos: platonismo, formalista e concepção falibilística. A partir de então, situar a prática do professor na sala de aula.

Farei uma análise sobre a prática do professor de matemática, porém a mesma se aplica a qualquer área do conhecimento.

Como este texto é um pouco mais teórico, vou dividi-lo em três partes. Uma para cada escola filosófica.

Na concepção platonista, a Matemática existe independente dos homens, pois está em alguma parte, no mundo das ideias platônicas. Acredita-se que os objetos matemáticos existem, mesmo que não tenhamos conhecimento sobre eles, isto é, os objetos matemáticos são reais. Sua existência é um fato objetivo, totalmente independente de nosso conhecimento sobre eles. (Davis & Hersh, 1985: 359).

Os objetos são entes ideais, não são físicos ou materiais, existem desligados de um espaço e tempo, portanto são imutáveis. O papel do matemático é o de descobrir o que já existe, está pré-determinado no mundo.

A concepção platônica está baseada nas ideias de Platão, que valorizava o trabalho intelectual em detrimento do trabalho manual. Distinguia o mundo das ideias do mundo das coisas, considerando que as verdades absolutas estavam dadas em um mundo ideal. A Matemática se encontrava neste mundo ideal, tendo supremacia em relação às outras ciências. Baraldi considera que esta concepção está presente quando consideramos a Matemática “contextualizada nela mesma, abstrata, pronta e acabada, que somente pode ser aprendida intelectualmente.” (1999: 85).

A partir deste posicionamento

1.    o professor entende que o conteúdo já está pronto
2.    o professor “sabe” que conhece este conteúdo (já ensinaram a ele na faculdade)
3.    o professor é quem conhece o conteúdo, o aluno está ali para aprender
4.    o professor “sabe” ensinar, pois ele é o professor

ora, se o professor domina o conteúdo que já está pronto e sabe ensinar o mesmo, caso o aluno não aprenda a culpa é de quem? Obviamente do aluno, pois este não consegue aprender ...


Infelizmente muitos docentes trazem esta concepção de educação enraizada dentro de si. A maioria de nós, docentes, praticamos a Reprodução Escolar, ou seja, ensinamos do jeito que aprendemos. Isto nos engessa. Nos limita. É muito difícil quebrar as amarras e partirmos para uma educação mais formativa, emancipatória ...

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