Muitos
dizem que é complicado relacionar a matemática com outras disciplinas além da
física e da química. Concordo.
Acredito
que a dificuldade vem do fato de que nós professores de Matemática aprendemos
na escola, e na faculdade durante a graduação, que o importante é “resolver
exercícios”.
Penso
que o ensino da Matemática vai além de listas de exercícios de fixação, como
era no livro que meus professores adotaram no ensino básico. Não me lembro o
nome do livro, mas lembro o nome dos autores: Castrucci e Giovanne.
Aprendi
muito de matemática neste livro, sua estrutura era: teoria, exercícios para
serem resolvidos em sala, exercícios de aprendizagem e exercícios de fixação.
Hoje
brincamos que os “exercícios de fixação” eram para fixar o aluno na cadeira ...
Quando
professor do Ensino Médio no colégio Madre Cecília em Campinas/SP utilizávamos
apostila. Aquelas tipo preparatórias para cursinhos. Lembro que a prof. de
química (minha amiga Dora) e a de biologia (querida Heloísa) diziam que
deveríamos trabalhar com livro didático, pois assim teríamos mais liberdade
para desenvolver o conteúdo. Concordo.
Mas
eu acreditava, e ainda acredito, que a apostila não engessava se o prof. não
deixasse. Vejamos um exemplo: um dos principais assuntos do Ensino Médio dentro
do atual currículo de matemática, é o estudo das FUNÇÕES.
Para
você que não lembra é aquele “negócio” de f(x). É aquela história de
função do 1º grau que o gráfico é uma reta. É a tal da função do segundo grau,
que precisa calcular Bháskara (delta).
Sempre
acreditei que o principal na aprendizagem da matemática são as idéias. Os
conceitos. Por isso é que ao ensinar função eu começava explicando aos alunos
que função é algo que relaciona duas grandezas quaisquer:
1
– quanto mais eu trabalho, maior é o meu salário – ou pelo menos deveria ser.
2
– quanto mais eu estudo, maior é minha nota.
3
– quanto mais eu beijo a minha namorada, mais apaixonado eu fico.
E
assim sucessivamente. Após dar vários exemplos, sem falar em números, sem falar
em matemática, pedia aos garotos que escrevessem uma história que apresentasse
a ideia de função, ou seja, eles deveriam contar uma história onde se
verificasse a Lei de Newton: a cada ação temos uma reação.
Saíram
anedotas maravilhosas, porém eu perdi todas quando mudei de Campinas para
Maceió em 2008. Uma pena.
Mas
a intenção era utilizar a matemática como pretexto para a produção de um texto,
sem abandonar o conceito matemático ali envolvido.
Depois
que eles me entregavam o texto eu lia-os, todos e fazia os comentários
pertinentes a ideia de função, ressaltando sempre em que parte do texto do
aluno tínhamos o conceito matemático. Aproveitava também para enaltecer as
melhores ideias, sem identificar o autor da mesma.
Pronto,
montado o cenário para explicar que função é uma relação onde ...
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