Por volta de 1908, surge a corrente construtivista, ligada
à filosofia e comprometida ao conceptualismo, que admite a existência de
entidades abstratas, mas somente na medida que são construídas pela mente do
sujeito. O idealizador desta escola foi Brower, que admite um modelo kantiano
de conhecimento apriori, que o homem tem uma intuição particular que lhe
permite construções mentais a partir de uma percepção imediata. A Matemática é
entendida como construção mental e não como um conjunto de teoremas como no
logicismo.
Nesta corrente, considera-se que “os objetos matemáticos
não podem ser considerados existentes, se não forem dados por uma construção,
em número finito de procedimentos, partindo dos números naturais. Não é
suficiente mostrar que a hipótese de não-existência conduziria a uma
contradição.” (Davis & Hersh, 1895: 375).
A concepção absolutista considera o conhecimento matemático
como detentor de verdades absolutas, que podem ser provadas pelo método
dedutivo e que não podem ser validadas por métodos experimentais. “Os
absolutistas aceitam, sem demonstrações, um conjunto de afirmações básicas, a
partir da qual deduzem logicamente outros resultados.”(Idem; 86).
As concepções falibilísticas substituem a crença na verdade
absoluta pela verdade relativa, sujeita a erros e revisões. No início do século
XX, Imre Lakatos, seguidor das ideias de Popper, propõe a superação dos
fundamentos da Matemática, o formalismo, o intuicionismo e o logicismo, os quais
tinham a pretensão de contribuir com fundamentos seguros para explicar o corpo
da Matemática. Este autor considera que as teorias científicas não são
deduzidas dos fatos, mas são inventadas a partir de hipóteses que podem ser
observadas, experimentadas e, portanto, sujeitas a serem refutadas. As teorias
não são demonstradas, por isso não podemos dizer com certeza se são
verdadeiras. (Davis & Hersh, 1985).
Nesta concepção, os conhecimentos matemáticos são
construídos e reconstruídos, não sendo separados “do conhecimento empírico, da
física e de outras crenças”. (Baraldi, 1999: 90) A Matemática é considerada uma
construção humana e social. Lakatos (1922-1974), matemático, físico e filósofo,
representante da concepção falibilística, privilegia o debate em sala de aula
na atuação de professor e alunos, que elaboram uma Matemática também viva,
rejeitando o formalismo, com o seu modelo dedutivo.
Um exemplo prático desta prática
educacional é a teoria desenvolvida pelo professor Ubiratan D´Ambrósio
intitulada Etnomatemática. Nesta teoria os conceitos matemáticos devem ser
apreendidos a partir da vivência cultural e social do aluno. Por exemplo, em
determinadas tribos indígenas a oca é composta por um tripé. Podemos entender
que tal fato garante que todos os três pés estarão sempre em contato com o
solo, pois três pontos estão sempre em um mesmo plano. Caso utilizassem quatro
pés, pode ocorrer de um deles não estar no mesmo plano, é o que acontece com a
cadeira que precisa de um calço ... .
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