Algumas coisas são
sempre repetidas, ditas por várias pessoas de várias formas diferentes e muitas
e muitas vezes. Sempre me questionei: por que estão repetindo isto novamente?
Minha visão era muito estreita e restringia-se ao “meu umbigo”. Eu já tinha
ouvido falar “sobre isto” ou “sobre aquilo” várias vezes, porém quantas ainda
não tinham escutado sobre o assunto? Impossível dizer!
Uma destas repetições
refere-se ao que Confúcio já dizia: “Não se queixe da neve do telhado da casa
vizinha, quando a soleira da sua porta não está limpa.”, ou seja, por que antes
de querermos mudar o outro, não me preocupo comigo mesmo? É mais fácil acusar o
outro por não corresponder a minhas expectativas, do que tentar descobrir quais
expectativas o outro tem a meu respeito.
O Mestre Jesus já dizia: “E por que reparas tu na trave que
está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como
dirás a teu irmão: Deixa-me tirar a trave do teu olho, estando uma trave no
teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar a
trave do olho do teu irmão. (Mateus 7:3-5)
ou ainda: “E como vós quereis que os homens vos façam, da mesma
maneira lhes fazei vós, também.” (Lucas 6:31)
Nas relações
profissionais este fato acontece muito com aquele que sempre se coloca como o
“sem sorte”, o “perseguido”. Normalmente este individuo não se preocupa em
pensar no que a empresa espera dele, sua única preocupação é afirmar para o
mundo o quanto ele é bom. Talvez até seja mesmo, mas será que ele está
desenvolvendo o que sua empresa espera dele?
O que eu quero do meu
aluno? Será que tenho isto bem claro? Se não tenho isto claro, preciso repensar
minha atuação profissional, pois como preparar alguém para chegar em um ponto
que eu não sei qual é? Quero que meu aluno saiba o conteúdo? Ótimo, e as
relações pessoais? E as regras do “bom viver” tanto dentro como fora de sala de
aula? Deus abençoe e guarde Paulo Freire onde estiver, pois “Não há docência
sem discência”, como ensinar se eu não sei como quero que meu aluno esteja ao
final de um período?
O aluno quer um
professor de que tipo? Rude? Exigente? Brincalhão? Gentil? Disciplinador?
Animado? Sério? O que meu aluno espera da minha pessoa? Difícil saber. Até
porque são muitos alunos, e cada um cria uma expectativa diferente em relação
ao docente.
Mas eu necessito buscar
descobrir o que meu aluno espera de mim. Muitas vezes eles estão perdidos, nem
sabem o que estão fazendo sentados ali. Ouvindo-me durante 50 minutos, uma
hora, e pensando: “meu Deus, o que estou fazendo aqui.” Isto ocorre tanto no
Ensino Básico, como no ensino Superior.
Minhas filhas estão no
Ensino Fundamental II (8º e 9º anos). Elas levantam com o celular na mão, já
respondendo mensagens que receberam enquanto dormiam; já postando novas
informações, repassando outras. O celular vai para a mesa das refeições como o
ser mais importante da família. Ter que silenciá-lo, não estou dizendo
desligar, por imposição dos Pais Maus é uma afronta. Como o professor lida com
isto em sala de aula hoje no Ensino Básico? Sinceramente, não sei ...
Minha esposa leciona no
Ensino Superior, no curso de Biblioteconomia da UFAL (Universidade Federal de
Alagoas), e ela sempre tem um acordo com os alunos: se o celular tocar o
indivíduo deverá trazer uma caixa de bombons no final do semestre. Funciona
para ela este processo, até porque ela foi muito verdadeira sempre com os
alunos, pois em uma determinada turma seu celular tocou, e ela levou a caixa de
chocolates...
Pronto. Todos os
problemas da educação estão identificados: o aluno não quer estudar! Ouço isso
direto em sala de professores em todos os níveis. Minha pergunta é: será que o
professor quer ensinar? Ou é mais fácil dizer que meu aluno não quer estudar e
fim de papo. Será que eu já limpei toda
a neve de minha soleira?
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