Colocamos em nosso último texto algumas das
características pedagógicas dos ensinamentos de Jesus. Agora iremos transportar
tais características para a sala de aula de nossos dias.
1.
Vem Comigo
Precisamos, enquanto docentes, chamar,
buscar, nos aproximar de nossos alunos. Temos que mostrar a eles que fazemos
parte de sua caminhada escolar, dando-lhes bons exemplos, tendo com os mesmos
sábias discussões, conversando sobre política, religião, futebol. Dando exemplo
dentro de sala de aula.
Certa passagem, no Colégio Madre Cecília,
estávamos enfrentando um sério problema em relação à sujeira em sala de aula.
Conversamos várias vezes com os alunos, mas nada dava resultado. Ao final do
período a sala estava sempre imunda: papel de bala, folha de caderno no chão,
restos de lápis que haviam sido apontados, enfim uma verdadeira imundície.
Após várias conversas com minha
coordenadora, professora Maria Carolina, decidimos por fazer o seguinte:
faltando 5 minutos para acabar a última aula do dia, eu, professor da turma,
iria começar a recolher os papéis do chão. Sem nenhuma cobrança. Porém quando
batesse o sinal não os deixaria sair da sala antes que eu terminasse de
recolher a sujeira. Assim foi feito. Como resultado, ao tocar o sinal e eles
perceberem que teriam que ficar na escola até mais tarde, todos começaram a
ajudar na limpeza. Logo fomos embora, e nos outros dias não tivemos mais
problemas com a sujeira exagerada.
Nesta situação o exemplo foi dado pelo
docente, e depois os estudantes seguiram o mesmo exemplo. É certo que, aliado
ao exemplo, eles receberam uma pequena punição ...
2.
Daqui Para Frente Ou Uma Nova Caminhada
Muitas vezes recebemos no primeiro ano do
Ensino Médio um aluno do Fundamental, que já “ouvimos” falar dele, por exemplo,
vamos chamá-lo Kaio. Já acompanhamos nossos colegas docentes descrevendo o
comportamento do Kaio: ele não para durante a aula; só quer saber de conversar;
é mal educado; enfim, nosso aluno é tão ruim que deveríamos colocá-lo para fora
da escola.
Quando vou para a sala de aula já tenho
todo o retrato do aluno, sei que preciso
dar-lhe logo de início uma lição e colocá-lo em seu devido lugar. Acredite
meu amigo leitor, fiz isso durante muito tempo de magistério. Inclusive,
aproveito para pedir desculpas ao Kaio.
Hoje entendo os ensinamentos de Jesus. Nos
primeiros dias de aula trato o Kaio como trato Pedro, Paulo, Gabriel, Ana
Luísa, Maria Isabela, Adriana, todos meus alunos sem discriminar ninguém. Se o
aluno Kaio, ou qualquer outro, tem uma postura inadequada, chamo a atenção de
todos, mas com uma mensagem especial aos Kaio´s: “Não me importa como vocês
eram no ano passado, mas a partir de hoje esta postura é inadequada, pois...”.
É preciso acreditar na mudança do nosso
aluno! Vou ser sincero: funciona, poderia citar vários casos, mas não podemos
mudar o mundo! Nem sempre conseguimos! Mas se todos nós docentes fizermos um
resgate de pelo menos uma garota ou um garoto por semestre...
3.
Persistência
A irmã Marlene, minha ex-diretora no
colégio Madre Cecília, uma freira da ordem das irmãs Calvarianas, dizia nos
momentos mais tensos dos conselhos de classe: “Minha gente, se o aluno Kaio
está dando trabalho desde tal série, é porque enquanto escola confessional
estamos falhando com ele. Jesus nos ensinou que devemos resgatar os que estão
perdidos, não podemos desistir de nenhum aluno.”
Como disse antes: não é fácil! Trabalhar
enquanto docente no mundo ideal seria ótimo! O mundo ideal é uma ideia
platônica, e Platão dizia que vivemos no mundo imperfeito das representações,
ou seja, nosso papel enquanto educadores é resgatar, ou pelo menos tentar –
persistentemente – resgatar as alunas e os alunos que passam por nós enquanto
docentes: “Eduque uma criança e não terá problemas com o adulto.” (frase
atribuída a um pensador grego clássico).
4.
Qualidade No Que Faço
Como ajudar meu aluno com problema se não
dou atenção a ele. Muitas vezes o Kaio só quer atenção e não sabe como se
expressar. Fique atento professor. O Kaio dará indícios: demora para sair da
sala, esperando todos irem embora para poder falar com o professor; nos
corredores começa “a cercar” o docente, tentando se aproximar; muda de postura
na sala, deixando de ser agressivo com o professor; enfim, nós somos os adultos
da relação, temos que ter claro o que queremos em sala de aula! Isto posto fica
mais fácil perceber que nosso aluno problemático está pedindo ajuda.
No curso de mestrado da PUC Campinas,
estávamos discutindo em uma aula da professora Elizabeth, sobre qual o papel do
professor hoje na escola. Depois de muito tempo, penso que estas linhas são
minha resposta àquela pergunta. Em nossos dias o professor deve seguir os
ensinamentos do Mestre Jesus:
Buscar
caminhos, alternativas, para envolver seu aluno.
Acreditar
que a caminhada com seu aluno está sempre reiniciando.
Ter
persistência na busca de soluções com “alunos problemas”.
Buscar
e aplicar o que seria qualidade na sala de aula para cada docente.
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